quarta-feira, 18 de novembro de 2009






Um Oásis no meio do deserto...

Tenho verdadeira paixão por rádio. Mesmo diante de um sem número de informações disponíveis na rede, gosto de ouvir notícias nas rádios AM e não dispenso uma música tocada no rádio do celular à noite, na cama, quando estou sem sono...

Nestas andanças radiofônicas começo a me lembrar de minha infância/ adolescência, quando eu adorava curtir uma fossa ouvindo aqueles programas melosos, com frases prontas e traduções de standartes bregas internacionais sendo traduzidas na sequência pelos locutores de voz pastosa...tipo Sérgio Boca (que Deus o tenha, se ele estiver morto!)

Era o tempo em que estações como Metropolitana e Rádio Cidade tinham programas com nomes sugestivos, como "Love Times" ou "Love Songs" (êta falta de criatividade...).

Numa destas noites de autoflagelação, vagando pelo dial, hora entre canções sertanejas de um mal gosto peculiar, hora no meio da batalha entre Deus e o diabo nas rádios evangélicas, quase chegando a desligar quando vejo que pouco me resta além destas bandas chegadas numa mamadeira de carne como Fresno, NX Zero e afins, surge um alento...

Lá pelas tantas, ouço uma batida familiar: um reggae bem "root", batidão tipo dub, vocais a la The Wailers, pensei: é Bob Marley! Pude até identificar, pela batida, que se tratava de uma canção de Bob (seria "Natty Dread"? "Stir It Up"?...numa fração de segundos vem aquela voz, cantando rasgado, em italiano!!!! Sim, no idioma da Camorra! E para minha surpresa geral, apesar do timbre de voz lembrar muito o rei jamaicano do reggae, é tudo italiano, capiche?

Decidi prosseguir com minha mórbida curiosidade (pensando, lá no fundo, onde merdas daria este caminho que resolvi seguir...). Logo em seguida surge uma versão em francês da excelente "Hit The Road Jack", hit interpretado por Ray Charles (que virou "Fiche le Camp Jack").

Aí foi uma série de petardos, uns muito bons , como a versão em cumbia venezuelana da música "Englishman in New York", do Police ("Venezuelan in New York") e a versão salsa de "Come Together", dos Beatles (com Tito Puente e convidados). Mas o auge mesmo foi a versão de "Light my Fire", do Doors, em ritmo indiano, bem psicodélico, com uma cítara frenética bem ao estilo Ravi Shankar.




Entre as pebas, a campeã foi uma versão japonesa tradicional para a canção "No Woman no Cry", de Bob Marley. Parecia trilha sonora de restaurante japonês vagabundo naquelas vielas da Liberdade.

O nome do programa? "Nômade" (que retrata bem a proposta do mesmo, além de refletir a condição de nós, ouvintes de rádio, que nos sentimos exatamente como nômades, vagando pelo dial freneticamente em busca de nosso oásis!)

Nômade vai ao ar pela OI FM (FM 94,1) toda segunda-feira das 23:00 às 00:00 horas e é apresentado por Paco Pigalle.

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