quinta-feira, 12 de novembro de 2009







Hoje, quando retornei do trabalho, me deparei com minha amada sob um olhar tristonho, de frente para a televisão. O programa, um destes freak-shows pseudo-jornalísticos vespertinos, apresentava uma cruel matéria sobre um casal de bárbaros da cidade de Suzano (SP) que assassinava cães e gatos para revendê-los a restaurantes coreanos (onde as "iguarias" são preciadas).

Obviamente, minha reação foi um misto de horror, indignação e revolta, sobretudo qunado vi a imagem de um triste cão da raça rotweiller, que fora resgatado minutos antes de ser brutalmente morto. Se a nossa justiça fosse um pouco mais coerente e ética, o casal deveria ser enquadrado, não apenas nos crimes ambientais e de maus-tratos a animais, mas sim, na mesma qualificação dos homicidas, enquadrados na tipificação de homicídio triplamente qualificado: realizado por motivo torpe (servir de "banquete" a "seres humanos"), sem possibilidade de defesa por parte da vítima (os pobres animais) e planejado friamente com antecedência.



O apresentador do programa (o qual recuso-me sequer a citar aqui nas minhas páginas) mostrava-se o mais indignado e feroz dos seres, até que soltou uma frase que me faz parar o que estava fazendo para imediatamente revolver com meus botões: "Tudo bem, temos que entender a cultura de cada povo; se o indivíduo quer comer carne de cobra, de macaco, cachorro, gato, que vá comer no país dele".

OK! Novamente tal assunto vem à tona, a exemplo do ano de 2008, quando as olimípiadas foram realizadas na China, e a imprensa brasileira mostrava-se curiosa e apreensiva, para saber se os chineses ofereceriam aos turistas de todo o mundo suas "iguarias" (cachorros, grilos, aranhas, escorpiões e outros "acepipes").

Antes que alguém ouse me atacar, saiba que eu amo os animais, incondicionalmente. Por eles, me tornei um ser humano melhor! Por eles, aprendi a amar e respeitar todo tipo de vida! Por eles me tornei vegetariano e morreria pelos meus gatos se preciso fosse!

Mas, causou-me um sentimento incômodo ver a ira do apresentador de tv, revoltado com o fato de cachorros e gatos serem mortos somente para satisfazer desejos gastronômicos de uma minoria. Aí me pergunto: por que a indignação?

Não é exatamente igual quando tiramos a vida de um bezerro, de uma galinha, de uma vaca? E quando passamos a satisfazer nossa curiosidade gastronômica, ampliando nosso cardápio e trazendo às nossas mesas faisões, fígados de ganso, tubarão, jacaré, capivaras, javalis, carneiros, bodes?

Será que nosso rechonchudo apresentador (e será que a maioria de vocês também) demonstra tanta piedade e indignação para com a matança indiscriminada dos animais quando tem à sua frente um "suculento" pedaço de picanha mal passada, daquela costelinha de porco, daquele frango à passarinho?

Por que tanta indignação? Não é exatamente assim, de forma cruel, sem possibilidade de defesa e sem nenhum motivo que seja válido, que milhares de bois, vacas, porcos e galinhas são dizimados diariamente pelo nosso país? Quam já se lembrou da figura doce de um coelho ao devorá-lo nos bistrôs franceses? Quem já se recordou da capivara e seu olhar carinhoso quando cuida de sua prole quando a vê no espeto das churrascarias mais caras da cidade?

Para mim, o mesmo mal que se faz a um cão, tem valor equivalente a matar uma abelha. É uma vida, uma criação divina. Ponto!



Mulher bonita, inteligente e ética ama os animais, não se alimenta deles!

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