sábado, 13 de novembro de 2010

 

Confesso que sou um tanto avesso a certos neologismos que acabam se transformando em verbos (tuitar, postar, resetar, rebootar...), mas, recorro a um deles para justamente mostrar um pouco qual o tipo de sentimento que me fez voltar a empanturrar meus poucos leitores com mais verborréia, humor barato e algumas pitadas esporádicas de inteligência (cada vez mais raras, como comprovarão adiante...): DESFRIBRILADO!

O coração deste quem vos escreve andava um tanto catatônico ultimamente, confuso, amargurado...o que refletiu imprudentemente e diretamente na ausência do escrevinhador por estas paragens digitais...Mas, quer saber? Se minha vida pessoal fosse tão relevante a vocês eu não precisaria mais pagar minha terapeuta, então, vamos combinar o seguinte: minha vida pessoal não interessa a nenhum de vocês(que me desculpem alguns amigos muito próximos, minha mãe, a fernanda e meus gatos, se estiverem no MH neste exato momento...).

Mas, o que foi capaz de fazer esta gélida tricúspide voltar a funcionar? Um doce de batata-roxa em formato de coração para quem adivinhar...Começa com P e termina com Mccartney!!!

Sim, morram de inveja aqueles que não conseguiram comprar ingresso! Chorem eternamente aqueles que estavam sem dinheiro (eu também estou, depois de comprá-los)...E sejam amaldiçoados aqueles que acham que não vale à pena pagar tanto para ver um senhor septuagenário cantando por três horas em cima de um palco...

Sir Macca me resgatou a vontade de voltar a escrever por aqui...Ou seja, se não estavam sentindo falta alguma de mim, pelo menos agora têm mais alguém para culpar...rarara! Diretamente da longinqua galáxia de Guarulhos, o Misturas Heterogêneas está, definitivamente, de volta!


Rararararara! Eu vouuuuuuu!

sexta-feira, 28 de maio de 2010







Charm...Mas uatafuckisthat?

Estirado e moribundo no sofá de casa, vítima de uma gripe daquelas, sem nada melhor a fazer, resolvi dar uma espiada na TV (quarta-feira à tarde, TV aberta, se liga no cenário...). Pelo menos estava passando uma série que eu adoro - uma rara exceção, pois detesto quase todas...- !Everybody Hates Chris" (Todo Mundo Odeia o Chris).

Confesso que me divirto muito com as situações constrangedoras que acontecem com o Chris (na verdade, me identifico muito com ele, pois na adolescência eu era muito parecido com ele, muito azarado...), com a esquizofrenia do Greg, o humor-negro do Sr. Omar (trágico...), mas, como este post não é dedicado à série, melhor parar por aqui...

Um dos pontos fortes da série é justamente a trilha sonora, que vai desde pérolas da Black Music setentista (James Brown, Kool & The Gang) até os pops dos 80's, de bandas de "one-hit-only", como Wax, Bolshoi e Tommy Tutone. E é aí que começa o post - de verdade.

Um dos estilos musicais derivados da black music raiz é o charm. Quem? O charm, ora bolas! Mas, que porra é o Charm? Se você viveu os anos 80, duvido que não reconheça apenas um exemplar deste verdadeiro rebosteio em forma de acordes...

O Charm brasileiro teve nos anos 80 seus dois principais comensais da morte: as bandas Brylho ("na madrugada a vitrola rolando um blues...") e Placa Luminosa (parece nome de bordel em beira de estrada, ou nome de estádio de time da 5ª divisão). Infelizmente, a saga do Charm brasileiro seguiu até meados dos anos 90, com a dupla sorumbática Sampa Crew (um pirulão esquelético com voz grave e aparência de presidiário rebelado e um negão gordinho com voz de franga), que se apresentava nos esdrúxulos programas de auditório, em meio a gritos histéricos, mais fakes que seios de BBB's.

Mas foi lá fora que o negócio pegou para valer. Sobretudo entre a comunidade latina dos Eua, que abraçou de vez o ritmo  - aliás, que me desculpem os latinos (ops, eu também sou latino...), mas êta povo para gostar de droga! Rarara!

Na verdade, o Charm é tido como uma vertente "mais lenta" da batida funk, e, praticamente povoou as rádios mundiais na década de 80 (os locutores o rotulavam como "flash back").

Para quem acha que o Charm morreu, uma péssima notícia: a cada ano, surgem "charmers", cada vez mais piegas, cada vez mais chatos, cada vez mais diabólicos...Mas, ao menos para este quem vos escreve, o Charm volta para onde nunca deveria ter saído: as mais profundas catacumbas do inferno...Rarara!


Roger: o ícone da Charm Music, com um dos piores clips do mundo, com elementos típicos dos anos 80:
1) Ombreiras
2) Cores, muitas cores
3) Neon
4) Vozes "robotizadas" (sintetizadas) 

Veja esta outra banda Charmer: Color Me Badd (o vocalista parece o Padre Marcelo):





Que tal um Charm brazuca?

Placa Luminosa

Quer mais?

Sampa Crew (ou seria Sampa Crow??)

sexta-feira, 23 de abril de 2010







O personagem mais cool da história do cinema...

Que a franquia Star Wars é a mais bem sucedida no mundo do cinema, todo mundo sabe. Que os fãs de Obi Wan Kenobi, Luke Skywalker, Hans Solo, R2-D2, C3PO, Princesa Léia e Darth Vader são completamente pirados, também!

Mas, o que pouca gente sabe é que, além dos já manjados bonequinhos, camisetas, chaveiros e toda sorte de badulaques, surgem, a cada dia, verdadeiras pérolas da internet baseadas nos personagens da saga. Uma delas, muito legal, já postei por aqui (Grocery Star Wars).

Porém, a diversão começa mesmo quando descobrimos todo tipo de tosqueira envolvendo Darth Vader, que, de vilão-mor da séria, foi transformado pelos fãs (e até pelos não-fãs) num verdadeiro ídolo cool. Veja alguns exemplos:


Darth Vader jogando golf


Chewbaca, Princesa Amidala, Princesa Léia e o Lorde das Trevas...Rarara


This is Thriller...


U Can't Touch This - MC Vader


Play it again, Vader!





A Onda (Die Welle) - Alemanha (2008)

Faz uns quatro meses que eu tento alugar o filme "Entre os Muros da Escola", filme francês inspirado no livro homônimo, do professor François Bégaudeau (que interpreta a si mesmo na película). Como só há uma cópia do filme na locadora onde costumo alugar (se você procura uma droga blockbuster tipo "Velozes e Furiosos" ou "Transformers", vai achar uma prateleira cheia deles), cada vez que vou até lá fico com a sensação de que sou um fracassado - mero drama, confesso, pois fui umas 5,6 vezes procurar o filme, sempre nos finais de semana...


Numa destas minhas andanças, chegou até minhas mãos - justiça seja feita, às mãos da Fernanda, minha esposa, um filme alemão, com o título pouco pretencioso: A Onda (Die Welle). Como a minha última experiência com o cinema alemão tinha sido uma grata e excelente surpresa ("Os Falsários"), resolvi arriscar.

O filme aborda um caso real, ocorrido na década de 60, na cidade de Palo Alto, na Califórnia, porém, tendo como cenário a Alemanha atual. Um professor secundário, Rainer Wenger, rockeiro e simpatizante da anarquia, tem dificuldade em explicar para seus alunos como o povo aceitou a disseminação do nazi-fascismo, propondo aos alunos uma experiência prática de vivência, em uma semana, de um verdadeiro sistema autocrata.

Para tanto, utilizou-se de técnicas empregadas pelos regimes nazi-fascistas, como a disciplina das massas, o poder da unidade, a hierarquia, a submissão, o uso de slogans, uniformes, saudações e palavras de ordem. A simulação, que deveria limitar-se à sala de aula, invade as ruas da cidade, e vai tornando-se violenta e incontrolável. Rainer então se dá conta da dimensão do problema que ajudou a criar e decide mostrar aos alunos que nada daquilo é real, mas pode ser tarde demais...

 Avaliação:






A partir de agora, os comentários de filmes aqui postados obedecerão rígidos controles de qualidade, auditados pela equipe técnica do blog Misuras Heterogêneas, obedecendo a seguinte classificação:





















Ass: A direção






Renascido das trevas...

2010 não tem sido um ano engraçado...Enchentes, terremoto, ressaca, Nardoni, Rebolation, Ricky Martin, BBB...

Até o CQC, na minha modesta opinião, uma das poucas coisas que prestam na TV brasileira demorou uma eternidade para estrear em 2010...

Sei que minha seleta gama de 5, 6 leitores não perguntou nada, mas, justifico minha longa hibernação em função de meu péssimo humor e minha falta total de inspiração em ocupar estas páginas nos últimos meses...Afinal, como não ganho um mísero tostão com este blog, também posso me dar o luxo de aparecer aqui quando quiser, e, sinceramente, quem sentiu falta???

Mas, prometo a mim mesmo - achou que eu ia prometer para você, incauto leitor? Nananinanão! Voltei das férias, do exílio, saí do armário (ops, melhor não...). O Misturas Heterogêneas está de volta, não muito melhor, com quase nenhuma novidade, mas, com a mesma proposta honesta de sempre: eu escrevo o que quiser e você lê quando não tiver mais nada a fazer. Combinado?

See you later, alligator!

terça-feira, 2 de março de 2010







Para refletir:

"Como sei se morri e cheguei ao inferno?"
"Simples. O inferno é um lugar quente, com cheiro de banheiro de estádio, e você será recepcionado pessoalmente por Hitler vestindo sunguinha dançando Rebolation"

Vixe!!!







Você que tem o nocivo hábito de ler meu blog será brindado, a partir deste solene momento, com mais uma seção, intitulada "Tinha que ser com o Chaves", que descreverá, de maneira bem humorada, algumas experiências que ocorreram com este escrevinhador. Espero que você sinta pena de mim, e compreenda porque sou assim hoje...rarara...

Marcus Joselito x Secos & Molhados

Quem teve a oportunidade de conviver comigo na minha adolescência (meus pêsames, mãe, irmão e algumas poucas testemunhas, pois meu pai já partiu, de tanto desgosto...rarara...) sabe que fui um cara que alternava entre dois alter-egos: um deles, uma espécie de Jack Johnson da Penha (venha que sou da Penha...), vida mansa, camisa florida, sorriso aberto, salve simpatia!

Meu outro avatar era um ser soturno das trevas, que gostava de andar todo de preto, curtia Megadeth e passava Baygon no suvaco, para ser diferente dos demais imbecis da minha idade. Ambos tinham pouco em comum (exceto o fato de não pegarem mulher alguma...rarara).

Lá pelos idos de 1995 (tinha acabado de completar 18 anos, não deveria mais ser adolescente, acho...), eu tinha um passatempo predileto: passar minhas tardes junto com meu amigo Kblo na loja de discos onde ele trabalhava (André Discos, no Tatuapé), ouvindo rock'n'roll, assitindo shows de heavy metal no videocassete, falando bobagem e vagabundeando muito. Tanto que fui convidado para trabalhar por lá uns meses!!!

Para mim era a glória: eu ouvia antes de todo mundo os lançamentos, os vídeos, às vezes rolava um ingresso para um show, enfim, tudo o que um jovem boçal, vagabundo, perdedor, estapafúrdio e trolha deseja (veja que em nenhum momento mencionei as palavras proibidas: trabalho decente, estudo, namorada...).

Nestas paragens, conheci um tiozinho que devia ter por volta de seus 50 anos, uma figura que tinha um certo quê de Nei Latorraca, misturado com a leve fleuma e o blasé de um lord inglês. Sempre entrava na loja fitando as prateleiras, grunhia algo de ruim a respeito das merdas que nós ouvíamos (hoje vejo que ele não estava tão errado...), escolhia uns CD's para lá de alternativos e mandava eu passar o cartão de crédito naquelas maquininhas manuais, para marotamente ganhar uns dias a mais de folga entre uma compra e outra...

Num dia qualquer (todos os dias pareciam ser exatamente iguais ao anterior, tipo "Feitiço do Tempo"...), o dono da loja pediu que tocássemos à exaustão o novo disco dos Titãs (Domingo), para que, segundo suas próprias palavras, "aquela bosta não encalhasse toda na prateleira".

Depois de tocar ininterruptamente por três vezes o álbum inteirinho (aquele castigo foi uma forma de compensar alguns de meus mais cabeludos pecados, acredite...), eis que surge aquele velho conhecido sem trocadilhos...). Meu amigo havia me dito uma vez (ou será que estávamos bebados?) que ele era o fundador da banda Secos & Molhados (o Kiss brasileiro...ou seria o Kiss a versão americanizada do Secos & Molhados?).

Ah tá! Lembro da banda, sim. Aquela do Ney Matogrosso. Legalzinha...Mmmmmm...Tá bom, legalzinha nada, uma bosta com um bando de maricas rebolando com a cara pintada, total surreal...Falei...Ufa!

Voltando ao meu momento Joselito, fiquei observando o cliente como sempre fazia, vendo-o falar sozinho enquanto observava as prateleira de CD's de jazz e rock progressivo, para depois reclamar da música, me pedir para passar aquela bosta de cartão...aquela droga de Titãs rolando...

Mas, naquele dia, a personagem de minha história valentemente alterou o script da cena, e, dirigindo-se a mim, perguntou cordialmente:

- Tudo bem?
Não me lembro se respondi, pois, logo em seguida ele perguntou quase que imediatamente:
- Este CD que está tocando é o novo dos Titãs?
Só me lembro de ter balançado positivamente com meu cocuruto, quando ele emendou  um modesto pedido:
- Você pode colocar a faixa 1 para tocar?

Confesso que exitei um pouco ante tal pedido, por dois motivos: por que alguém de gosto tão refinado (e esquisito...) iria ter curiosidade em ouvir o novo CD do Titãs (que era de fato uma bosta...)? E o segundo (e mais relevante) motivo: era a quarta vez que eu ia ouvir aquela musiquinha chata para caraio que começava com um violãozinho modorrento e depois virava um rap-rock, uma clara (e mal feita) imitação do Red Hot Chilli Peppers...

Ouvi a música inteira novamente (ironicamente a canção se chamava "Eu não Aguento"), junto com meu novo quase-amigo, caprichando nos trejeitos (dignos de um Gary Glitter, convenhamos) e negativas - só pude deduzir que ele estava odiando aquela canção...

Quando finalmente acabou a faixa, ele pediu que eu colocasse novamente. Pensei em voar por cima do balcão e acertá-lo com um pedestal de microfone que estava por perto. Mas vi que ele estava querendo que eu colocasse novamente para esculachar a música...

E dá-lhe o violãozinho idiota...E surge a pergunta derradeira:
- Muito ruim o que fizeram com a música, não?

E eu, cheio de marra e coragem, com a intimidade que sós os bons e velhos amigos tem uns com os outros, cravei:
- Uma bosta!
Ele concordou positivamente com a cabeça, num movimento de afirmação, levantando a bola para o meu chute derradeiro:
- Principalmente este violãozinho de merda...

Neste momento, o dito-cujo saiu de perto, como seu tivesse pronunciado uma ode ao cramulhão em pleno culto matinal de domingo na igreja da Sé. Resmungou um palavrão e sentenciou ao meu ex-patrão:
- Você precisa escolher melhor os seus funcionários, Osmar!

E, contrariando o que fazia religiosamente todos os dias em que visitava a loja, desta feita saía sem levar nada, nadinha mesmo, nem uma palheta de violão...

Por que? Simplesmente porque o tal cliente era de fato João Ricardo, fundador do Secos & Molhados, renomado músico e compositor, que havia composto aquele trecho da música, que eu chamara há pouco de "violãozinho de merda", que, na verdade, era a introdução de uma das músicas mais famosas do cancioneiro popular brasileiro, "Sangue Latino".

Neste momento, compreendi o real significado da expressão "Sem noção"! Rararara...

Só faltou eu gritar: "Pegadinha do Mallandro...Rá!"
Cozinha planejada, armário embutido...

Para começar, este título não é de minha autoria...é uma decupagem de uma letra de música (ótima!) do meu amigo Donato (veja nos posts mais antigos uma resenha de seus trabalhos...). A canção, uma das mais legais que ele compôs, chama-se Paralelepípedo e refere-se ao homem no seu estado "urbano de ser", cercado de fumaça, prédios, paredes e os tais artefatos do título, mas, que, por trás desta carapaça deve-se lembrar que "caminha nú, dentro de sua roupa"...

Esta frase me inspirou a escrever este pequeno e solitário lamento, sobre a inversão de valores que o ser humano tem protagonizado. Dê uma bela olhada nas ruas do seu bairro e me diga de bate-pronto: quantos sex-shops você vê? um, dois?

Agora, de volta ao exercício, quantas lojas de móveis planejados você vê? Aposto que enche uma mão, dependendo do bairro onde vive - em certos lugares de São Paulo, dá para encher as duas mãos e ainda faltarão dedos...

Mas que tipo de comparação imbecil o escriba está tentando propor? Simples, uma teoria pós-moderna, super bem sacada, inventada por mim enquanto me banhava na água quente em pleno verão: as pessoas estão se amando de menos e criando convenções sociais demais.

Antes que você queira supor que estou incentivando a poligamia, a banalização do sexo ou algo que o valha, reflita comigo: as pessoas estão valorizando muito mais um amontoados de tábuas de MDF, MDP (ou seria PQP?) do que um carinho, um aconchego, um romance...

Quem de nós não conhece ao menos um casal daqueles de propaganda de banco, de margarina, que se conhecem, namoram entre quatro e cinco anos, ficam noivos por mais dois ou três anos, e depois, quando saem as chaves do apartamento iniciam os planos do enlace matrimonial, que deve ser, no mínimo "protocolar".

O "kit matrimônio" inclui , tv de plasma, cooktop, noiva vestida de branco, igreja (mesmo que depois da cerimônia os noivos só tenham que pisar novamente por lá em alguma missa de sétimo dia), buffet para 200 pessoas, gravata do noivo cortada, sapato da noiva cheio de dinheiro, lua de mel paga em 12 parcelas, e os malditos móveis planejados e armários embutidos...Mas, sobrou espaço para o amor?

Quantos casamentos que seguiram à risca o roteiro acima não acabarm nos primeiros 2, 3 anos de convivência mútua? Sua tia fofoqueira vai te contar: "Nossa, eles tinham de tudo, apartamento de dois quartos, carro, emprego, cozinha planejada, armários embutidos...". Só se esqueceram do olho-no-olho, do friozinho na barriga, dos momentos a sós embaixo das cobertas, do piquenique no parque, daquela viagem para aquela pousadinha tão simplezinha mas tão aconchegante...

E o pior de tudo: a tal cozinha planejada (com os funestros armários embutidos) virou sinônimo de status social, com suas gavetas, balcões e apetrechos culinários de aço inox pendurados. Até aí tudo ok. Porém, fatalmente (e, infelizmente, tal sentença é regra, não exceção), quando você é convidado para um jantarzinho, logo imagina: com esta cozinha (e estes armários embutidos, evidente), vai sair um banquete a la Ferran Adriá.

Para seu desgosto, seu (sua) amigo (a) sugere, todo(a) pimpão (pimpona): "Aqui perto tem uma pizza de-li-ci-o-sa! Ou preferem comida chinesa? Rarara! Como diria meu finado sogro: "Prefiro a morte ao fedor do corte!" Rararara! 

E viva o amor! Hoje e sempre!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010






Feliz 2010!

Mas só agora, quando fevereiro está quase no fim, você resolve nos brindar com este batido chavão? Bem, terei que recorrer ao 1º mandamento do mundo virtual: "Cada proprietário de blog será livre para manifestar sua opinião, quando e bem desejar, sem encontrar-se em débito (moral e financeiro) com seu(s) interlocutor(es), cabendo ao(s) mesmo(s) lamentar, praguejar, lamuriar e desejar toda vendetta ao pobre diabo". Trocando em miúdos, não gostou, dê linha na sua pipa...rarara!

Os bons votos fazem todo sentido  - ao menos na minha surreal e abilolada mente: quem diabos consegue vivenciar plenamente o ano senão depois que as últimas cuícas e tamborins se calem? Inevitavelmente, tento fugir dos chavões, assim como folião baiano foge da quarta-feira de cinzas, mas eis ele aí de novo: "O Brasil só começa a funcionar após o carnaval"

Nesta engrenagem, que depende do final das folias de momo, inclui-se este pobre instrumento internético chamado carinhosamente de "Misturas Heterogêneas". Agora vai, as postagens voltarão, o ano começou, é pique, é pique, é hora...

O Carnaval deveria ser tombado como "Patrimônio da Humanidade", ou melhor, "Patrimônio da Boçalidade Humana". Antes de descer o sarrafo neste pobre escriba, leia abaixo as minhas ponderações sobre minhas contundentes razões para detestar a "festa da carne", e, se não concordar com no mínimo três das sentenças, realmente me curvarei diante de sua estupidez, ops, alegria, ó folião das profundezas...

Detesto Carnaval porque:

1) Nesta época ressurgem instrumentos musicais que durante todo o ano ficam esquecidos até mesmo da memória do mais animado folião. Dá-lhe cuíca, agogô, reco-reco, chocalho...
Você consegue imaginar instrumento mais trolha que uma cuíca? Dá até medo tocar naquilo, uma vareta que fica escondida dentro de uma lata, que faz um som fantasmagórico, parecendo uma coruja piando...Consegue imaginar Bach, Mozart, Beethoven, compondo uma sinfonia só de cuícas? A 5ª sinfonia para cuícas de Tchaikovsky...Ou então você chegando naquela festinha, o pessoal com violão, gaita, e você armado de cuíca, para tirar um sonzinho...tocar "Wish you were here" do Pink Floyd na cuíca...valha-me Deus...ou o diabo!

Barry White? Não, é o homem do saco tocando cuíca

2) Na Bahia (como sempre, não é perseguição, juro!) surge inevitavelmente uma banda com pelo menos 15 ritmistas, mais meia dúzia de dançarinos e umas três raimundas bundudas, tendo à frente um putão de calça de capoeirista e dorso desnudo grunhindo aquele som malemolejante, com hits que parecem compostos por crianças de 3 anos e levam a galera da "pipoca" (e os pobres jornalistas das TVs que realizam a cobertura do Carnaval) à loucura...
Em 2010, a moda foi um tal de "Rebolation"(sic), do grupo Parangolé (que caraio será isso?). Aguardemos qual a canção a ser enviada por Lúcifer para o carnaval de 2011...

Putão brasileiro...

3) O frevo de Olinda! Ah, o frevo...aquela dancinha abobalhada, na pontinha do pé, que faz marmanjos de quase dois metros de altura, suando em bicas, bailarem com um guarda-chuva multicolorido nas mãos, sob a mesma maçante melodia, trajando calças curtas e umas sapatilhas constrangedoras...Creio que Hitler foi recepcionado na porta do inferno por dançarinos de frevo...

Vadre-reto Satanás!

4) Ala das baianas...Tenho a leve impressão que a ala das baianas é uma espécie de masmorra das escolas de samba, para onde são deportadas as mulheres que jogaram pedra na cruz, e agora são obrigadas a vestir aquela fantasia que mais parece tabuleiro de cocada, e ficarem rodando tal qual piões durante mais de uma hora, chocando-se umas contra as outras, enquanto o povão delira...

Roda-viva ou roletrando?

5) Samba-enredo. Feche os olhos, vai entrar na avenida a Mangueira, com aquele samba-enredo que levanta a torcida...Mas, esta não foi a melodia da Beija-Flor no ano passado? Este refrão, não é igualzinho àquele da Salgueiro que ganhou o carnaval uns dez anos atrás? Ou seria a Vai-Vai? A sensação de deja-vu fica mais forte à medida que acompanhamos (ops, você acompanha, eu durmo...) todos os desfiles. 
Nem o Rei Momo é capaz de lembrar-se dos refrão de todos os sambas da noite..
E os títulos das canções, ou melhor, o tema: "Macapaba: Equinócio Solar, Viagens Fantásticas ao Meio do Mundo", "Vou Juntando o Que Eu Quiser, Minha Mania Vale Ouro. Sou Tijuca, Trago a Arte Colecionando o Meu Tesouro", e por aí vai...Essa turma anda fumando demais...

6) Baterias de escola de samba. Agora vai começar a malhação de Judas...Todo mundo (principalmente os gringos tontos) a-d-o-r-a uma bateria de escola de samba. Tenho que confessar que também acho empolgante...Mas, qual critério para definir o que é uma bateria nota dez? São todas absolutamente iguais:
Todas tem um tiozinho magrela com um apito na boca, que fica soprando o dito-cujo durante todo o desfile e agitando os braços; todas tem um gaiato que fica girando o pandeiro (às vezes dois!), sem tocar bulhufas, sorrindo que nem um abestado, durante todo o desfile; todas tem à frente uma gostosona que ficou seis meses comendo clara de ovo e alface só para ficar de biquininho por uma hora na frente das câmeras de TV...

Krusty do Pandeiro

7) Ala das crianças. Não tenho filhos, talvez venha daí minha implicância com os rebentos...Mas, para mim (e aí vale novamente invocar o 1º mandamento...) criança deve ser criança, brincar como criança, vestir-se como criança...Colocar os pirralhos em ternos com cartolas, sapatos bico-fino, biquinis e pandeiro na mão é constrangedor. Aos carnavalescos um recado: seria mais engraçado criar uma ala de anões, ou de mulheres-barbadas...

8) Muvuca. Aonde? Na Bahia, caro Watson! O folião tem a audácia de pegar um avião, viajar algumas horas, pagar caro por um abadá (até o nome desta joça dá medo...) e ser esmagado, currado, lambido, agarrado, escarrado, mijado e ainda achar pouco quando chega a quarta-feira de cinzas? 
Deve ser lindo apreciar o sol que bate na cachola, levantando aquele cheiro bom de suor, misturado com urina, cachaça vagabunda, cerveja quente e azeite de dendê...num bistrô em Paris, pela TV...rarara!
Sorria, você está na Bahia...

9) Bonecões. Mais um caso de crime e castigo, pois o pobre condutor destas estátuas imbecis sofre muito, seja com o calor, com o peso da mortalha, com os foliões tirando sarro e mijando em suas pernas...Aonde estava na cabeça o fanfarrão que criou tais "monumentos"? Será que o folião bebaço vai realmente prestar atenção naquele bonecão varapau que passa balançando as mãos, com sua cabeça tosca feita de papel marchê (ou seria machê?)

Só com muita Pitú na cabeça mesmo...

10) Apuração dos desfiles de escola de samba. Este já virou lugar-comum. Quesito: Harmonia. Jurada Terezinha de Jesus (todo ano esta tiazinha aparece, pode ver...). Escola Acadêmicos do Tucuruvi, Nota 9,75...Uhhhhhh....Confesso que tenho um prazer mórbido de acompanhar as apurações de escola de samba todos os anos (desde pequeno, confidencio), mesmo sem quase nunca ter visto sequer uma das escolas passar pela avenida. Neste ano, tal nocivo hábito quase me custou o casamento...

Por que faço isso? Em quatro anos de análise, passando por três psicólogos distintos, ainda não consegui responder a este questionamento...Mas tenho cá uma teoria: creio que seja para conferir de verdade se o Carnaval já está no fim mesmo...Para checar se o morto não respira mais...Rarara!     

E para quem diz que só detono o carnaval, aí vai minha homenagem:



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010







Quem me acompanha (ao menos quando não tem nada mais instrutivo para fazer) sabe que meu negócio é rock! Ponto! Não que eu seja um talebã do metal, xiita, radical, nada disso! Gosto da boa música, seja ela qual for.

E não me venha com este papo vagabundo de que boa música é um conceito subjetivo, porque, para mim, boa música é exatamente aquela que eu gosto, estou pouco me lixando se você concorda ou não (se me achou mal educado, crie o seu próprio blog e poderá fazer o mesmo com seus leitores..rarara).

Gosto de música dançante. mas, quer saber o quanto bom dançarino sou? Imagine um norueguês que não tenha uma das pernas escolhido para ser o mestre-sala da Vai-Vai..é por aí...Porém, tal mancada (trocadilho infame...) nunca me impediu de gostar de música dançante, como Kool & The Gang, Earth, Wind & Fire, Village People, Chic, James Brown...    

Dias atrás tive a oportunidade de assistir pela TV um show da  banda Black Eyed Peas, na Australia. Showzaço! Tudo bem que é meio nonsense ver três marmanjos esquisitíssimos (um negão com cara de criança, um filipino atarracado e um indio-nipônico parecido com a cantora paraguaia Perla) acompanhando uma cantora que vai além do estereótipo de ser apenas um corpão (a Fergie canta muito também!).

Mas, o mais legal mesmo foi ver um vídeo que a banda produziu com a ajuda de seus fãs, desta vez no programa da Oprah Winfrey, nos states. Um verdadeiro show de coreografias, para uma música contagiante:  I Gotta Feelin'. Aliás, a canção tem tudo para emplacar como uma das mais legais da história da dance music.

Assista e aumente o som. Duvido que não dê ao menos uma balançadinha na cabeça...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010






Coxinha...

Alguns dias atrás, conversando com amigos, descobri uma nova gíria: coxinha.

Não sei se é uma gíria regional ou se já se prolifera por todo canto. Tampouco sei a origem, e, menos ainda, o motivo da associação da gíria ao nome criado para ela (em tempos: coxinha é um salgadinho popular, que muita gente gosta, justamente o contrário do “apelido”).

Segundo informações de fontes fidedignas, o termo coxinha foi cunhado em algum momento da história recente para designar o que outrora foi conhecido por mauricinho ou, na sua versão feminina, patricinha. Porém, com uma ressalva: o dito(a) cujo(a) tem que ser chato(a) também.

Como assim? Imagine um mundo como o do filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, porém com o Ronnie Von no lugar do Willy Wonka e vários clones do César Filho no lugar dos Umpa-Lumpas. Ao fundo, tocando Maroon 5. Isto seria um planeta coxinha!

Então, passei a imaginar algumas situações clichês, que todos nós já presenciamos, envolvendo coxinha’s situations (internacionalizei o tema, pois ser coxinha não é exclusividade made in Brasil).

Cena: Você e aquele seu colega de trabalho têm a “grande” idéia de propor uma baladinha envolvendo as respectivas namoradas/ esposas. É a primeira vez que vocês vão sair juntos, e você pouco sabe dos gostos e manias do casal.

Vocês resolvem marcar o encontro num “barzinho intimista”, com MPB ao vivo. Coxinha!

Seu colega, solícito e gentil, resolve oferecer uma carona, e você, meio sem jeito de ser indelicado, resolve aceitar. Ele passa na sua casa, vestido com camisa polo da Lacoste, calça jeans e mocassim marrom, com o carro lavadinho, aquele sachê vagabundo com aroma de carro novo. Nas próximas duas horas é este cheiro que ficará no ar. Coisa de coxinha.

A namorada dele vai tentar puxar conversa, e, ao ver que não tem nada de bom para acrescentar ao papo, vai sintonizar a rádio, em busca de uma musiquinha para agradar. Achou! Começa assim: Sha la la la la la la..... hmm, uh huh...


Bingo! Mr. Jones, do Counting Crows, uma espécie de hino do planeta coxinha! Hanson? Mas que porra é essa? Ben Harper e Vanessa da Mata? Beyoncee? Justin Timberlake? Socorro, invasão de coxinhas!

No tal barzinho, uma cantora entoa Ana Carolina. Ou seria Zélia Duncan? Agora é Ana Cañas, Marisa Monte...você tem vontade de pedir caipirinha de cianureto com cibalena!

O que vão beber? A namorada do seu colega quer aquele drinque colorido feito com licor de romã, prosecco, grapefruit e sorvete de macadâmia, que custa 30 pilas. Faz beicinho quando decidem rachar um vinho. Acaba pedindo Smirnoff Ice, um hit no planeta coxinha...Parece que a noite está piorando...

Quem pediu este vinho tinto suave? O coxinha, é claro! Filé aperitivo coberto com catupiry? Que tipo de besta-fera se alimenta disso? Picanha na pedra? Carne seca? Seria este o primeiro banquete servido no inferno quando você chega lá? Rarara!

Jorge Vercillo não, aí já é apelação! “Paralisa, com seu olhar Monalisa...”. É uma espécie de mantra que parece brotar das catacumbas mais profundas de Lúcifer!

Acabou? Nananinanão! Ainda tem uma hora de viagem num carro fechado ouvindo o novo CD da Adriana Calcanhoto...Coxinhaaaaaaaaaaaaaa...

domingo, 24 de janeiro de 2010







Hummm...É só nos lembramos de nossa infância para que todos aqueles cheiros e gostos venham à nossa mente. Infelizmente, nem tudo que retorna à nossa mente nos traz boas recordações. Este post é uma homenagem às cinco comidas de minha infância que eu faço questão de esquecer...

1º) Macarrão ao alho e óleo com sardinha

Receita: Pegue 1 pacote de macarrão (Adria ou Petybom, com ovos, para ficar bem mole). Cozinhe o macarrão em excesso, a ponto de ficar bem grudento. Frite o alho amassado (naqueles espremedores de alho toscos), misture-os ao óleo da própria sardinha que repousa solenemente dentro de uma lata, morta, com suas ovas, espinhas e entranhas, esperando o momento de pular na panela. Junte salsinha e cebolinha. Acerte o sal. Sirva imediatamente ou vai começar a feder a casa toda. Se quiser ferrar de vez, junte queijo parmesão Teixeira ralado. Acompanha pãozinho francês adormecido.

2º) Salsicha com molho de tomate

Receita: Compre 8 salsichas, de preferência aquelas que soltam bastante tinta, para dar uma cor especial ao molho. Junte uma lata de molho de tomate (prefira Pomarola, pois é mais ácido), uma cebola grotescamente picada, com aquela faquinha Tramontina com o cabo emendado com fita isolante, esprema 1 dente de alho (no mesmo espremedor tosco utilizado na receita acima). Jogue uma pitada de açúcar, pois aquela sua tia gorda falou que "quebra a acidez". Despeje as salsichas, sem lavar, para dar aquele gostinho especial de junkie food. Espere o molho apurar, salgue e sirva com arroz branco e salada de tomate e alface ou guarnecido de pão francês. É um hit nas quitinetes do Boqueirão no verão.

3º) Pão com pomarola

Receita: Versão simplificada da salsicha com molho de tomate. Basta despejar uma lata de pomarola numa panela, de preferência aquela panelinha que sua mãe herdou de sua bisavó, incrustada de óleo de fritura no cabo e sem tampa. Espere começar a sair fumaça. Abra 8 pães franceses e despeje o molho dentro, suavemente. Sirva imedatamente. Ah, o queijo Teixeira ralado e o orégano podem ser adicionados à gosto.

4º) Mayonnaise and Sardine Sandwich

Receita: Típica receita produzida por bárbaros e visigodos. Junte um vidro de maionese HellMann's - o próprio nome da maionese já é punk: hell (inferno) + man (homem), ou seja, a maionese é feita por homens do inferno, ou seja, capetas! 1 lata de sardinha em óleo comestível (será que óleo de carro também é para comer?) e mexa freneticamente. Compre dois pacotes de pão Pullmann (outro nome importante - pull: destroçar + man=homem). Ou seja, pão feito por homens destroçadores. Por isso que ele sempre esfarela quando você morde!
Bezunte os pães com o elixir do capeta e forme singelos lanchinhos. Se quiser um toque moderno, corte-os na diagonal. Sirva guarnecido de Fanta laranja morna, debaixo do guarda-sol, na praia mesmo.
Nota do chef: o calor do sol e a maresia em contato com o lanche podem causar efeito lisérgico ou alucinógeno. Como reação adversa você pode sentir uma vontade incessante de construir castelinhos de areia com seu sobrinho de 3 anos.

5º) Roastbeef Sandwich

Receita: Aha! Achou que seria a receita do tradicional lanche inglês, feito à base de carne assada? Nananinanão! A versão paulistana da zona leste leva uma espécie de embutido, de formato quadrado, que forma mosaicos quadradinhos dentro de si. Mosaicos de carne! E o embutido tem gosto de plástico salgado com alcaçuz! Até hoje só conheci uma pessoa que gostava de tal quitute: meu pai! Como ele já partiu, creio que levou consigo a maldição do sanduíche de rosbife, que tanto assombrou as festinhas de aniversário na minha longínqua infância.


Vai encarar?






Um mês! Na verdade, 32 dias! Fosse este quem vos escreve um blogueiro profissional, já teria morrido de fome. Nos dias de hoje, algumas horinhas de delay na informação são suficientes para declará-lo uma múmia cibernática. Morto. É o fim, cara!

Mas, como faço questão de lembrar o(a) incauto(a) que está perdendo minutos preciosos de suas vidas dedicando seu tempo nestas paragens, o blog é meu, e escrevo quando der na telha, vamos combinar assim? Rarara!

Na verdade, uma série de intercorrências, somadas à costumeira vagabundagem e procrastinação de sempre fizeram com que este pobre diabo se afastasse da vida de blogueiro por mais de um mês. Teve gente até pegando no meu pé, sedento por novas postagens (o que, sinceramente, achei que nunca fosse acontecer).

Mas, confessem, nem o piadista mais engraçado do mundo é capaz de fazer troça em épocas tão difíceis como estas, que marcaram o início de 2010: terremoto e tragédia no Haiti, devastação na linda (e querida) São Luiz do Paraitinga, desatres em Angra dos Reis, em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul. Enfim, muito pouco a comemorarmos, quiçá rirmos...

Comentários sobre as tragédias (algumas anunciadas, como no caso de Angra dos Reis) não cabem mais, diante da excessiva exposição que a mídia já dispensou aos fatos. Piadas não são definitivamente bem vindas neste momento. O máximo que este aprendiz de blogueiro pode, por hora, é dedicar suas orações e meditar, desejando a paz, a serenidade e a força para que todos aqueles envolvidos nestes incidentes possam recuperar-se! Sem mais delongas.

PS: Não colocarei aqui fotos das destruições, tampouco de mortos e feridos. Prefiro postar imagens da minha querida São Luiz do Paraitinga como ela voltará a ser um dia: transbordando felicidade!








terça-feira, 22 de dezembro de 2009







Salve Pontes!


Vida de blogueiro não é fácil...Já estou até recebendo sugestões para meus futuros posts. O primeiro, veio de um grande colega da Prefeitura de Guarulhos, Luiz Carlos Pontes (ou apenas Pontes, para os íntimos).

Quem vê o cara debruçado atrás dos complicadíssimos processos de regularização de construção, licenças de funcionamento e outros filhotes amorfos da burocracia nossa de cada dia, parecido com o Flanders (vizinho dos Simpsons), não imagina que venha justamente dele a primeira contribuição entre meus leitores. Nada mais justo que publicá-lo:
Você sabe a função dos apóstrofos? Diz um vestibulando que são "aqueles amigos de Jesus que se juntaram numa jantinha, fotografada por Michelângelo".







Ética? Mas o que é isto mesmo?


A semana futebolística pré-Natal seguia seu caminho habitual, com a eleição do melhor do mundo (o craque-nanico Messi, com toda justiça!), o vai-vem de jogadores e técnicos e as peladas beneficentes com craques e ex-craques (e uma cambada de pagodeiros chupins que entram no vácuo).

Então, surgem dois fatos que ilustram muito claramente a atual situação do nosso futebol, mais precisamente de nossos boleiros. Coincidentemente, ambos envolvem o time do São Paulo, tido como o exemplo de gestão futebolística no país.

O primeiro, envolvendo Oscar, um garoto de 18 anos que sempre se destacou nas categorias de base, foi rotulado como o "futuro Kaká", mas, de verdade, nunca teve maiores chances para emplacar no time principal. Lembrando que ele tem apenas 18 anos!

Obviamente, seu "agente" não ficou nada satisfeito em ver seu atleta no banco de reservas (leia-se: com poucas chances de conseguir uma transferência milionária para algum time do exterior e conseguir uma boa comissão para o sanguessuga). E resolveu colocar na cabeça do jogador que o melhor a fazer era procurar a justiça e se desvincular do clube.

A justiça acatou o pedido do jogador, e, a priori, o mesmo não é mais atleta do São Paulo. Procurado pela imprensa, Oscar declarou que pretende dar um rumo na vida, pois agora é pai de família (casou-se no último final de semana) e precisa alçar voos mais altos...Volto a lembrar: 18 anos!

O jogador alega irregularidades no cumprimento de seu contrato de trabalho por parte do São Paulo, que o obrigou a emancipar-se (o que não é permitido pela FIFA). Mas, precisava chegar a este ponto, de romper litigiosamente com o clube que o revelou para o futebol?

Além de loiras, cordões de ouro, carros possantes e churrascada com pagode, o que a maioria dos jogadores brasileiros têm na cabeça? O São Paulo investiu no garoto, na sua formação (esportiva, educacional e de cidadão), paga salários em dia, tem uma das melhores estruturas intra e extra campo, e agora ele resolve se rebelar contra tudo isso? Sabe aquela música do Ultraje a Rigor, chamada "Rebelde sem Causa", que dizia assim:

"Não vai dar, assim não vai dar, como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar? Não vai dar, assim não vai dar, para eu amadurecer sem ter com que me rebelar!"

Que trolha...

Tinha que ser argentino...rararara! 


O volante do Internacional, Pablo Guiñazu, mais conhecido como o "Genghis Khan dos Pampas", é um herói para a torcida colorado (até virou boneco, de gosto duvidoso, diga-se de passagem).

O argentino, de 31 anos, é considerado um dos mais raçudos jogadores da história do time, além de demonstrar boa técnica e lealdade, sem precisar apelar para chutes no vácuo com joelhada, nem pontapés na canela dos adversários. Evidentemente, todo grande time quer um jogador com este perfil, ainda mais quando vai disputar um torneio como a Libertadores da América, com a arbitragem toda hablando español e muita pegada dentro (e fora) de campo.

Agora, imagine a cena: o jogador assinou um documento, autorizando seu "agente" (novamente eles, ô praga dos infernos!!!) a negociá-lo com o São Paulo, obviamente sem o aval do seu clube, o Inter. Até aí, nada de muito anormal, tendo em vista que o contrato do jogador com o clube se encerra no dia 31 de dezembro.

Mas, um adendo muito importante muda todo o rumo da história: o documento (que está disponível no siste do jornal Lance! no endereço http://www.lance.com.br/infograficos/autorizacao-guinazu-info/) foi assinado na data de 01 de dezembro de 2009.

Na semana em que o documento foi assinado, que precedia a última rodada do Campeonato Brasileiro, o Inter ainda tinha chances reais de ser campeão e já estava virtualmente classificado para a Copa Libertadores de 2010, enquanto o São Paulo, apesar de ter um jogo fácil pela frente e ainda ter chances (remotas) de conquistar o título, corria o risco de nem classificar-se para a Libertadores.

Ou seja, o jogador, que poderia erguer a taça de campeão, já estava com a cabeça totalmente fora do clube, que até então havia valorizado muito seu passe (quando chegou ao Brasil, era um ilustre desconhecido), além de pagar salários em dia e elevá-lo à condição de ídolo.

Nos dois casos, o que falou mais alto foi justamente o dinheiro, não apenas as condições de trabalho, o reconhecimento pela torcida, o amor à camisa (aliás, o que é isto mesmo?).

Infelizmente, chegamos ao ponto em que torcer para nosso time de coração é como torcer para times de pebolim onde todos os jogadores não têm nome, são absolutamente iguais e só são distintos pela cor: verde x branco, amarelo x vermelho...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009








Imagine um filme que tenha no elenco nada menos que Jack Nicholson, Glenn Close, Pierce Brosnan, Annete Bening, Sarah Jessica Parker, Michael J. Fox, Danny De Vito, Natalie Portman, Jack Black, e, de lambuja, Tom Jones (uma espécie de Jerry Adriani dos States), no papel dele mesmo. Toda esta verdadeira "orquestra" conduzida pelo "maestro" Tim Burton.

E agora imagine este elenco planetário num filme de humor ácido, que faz paródia ao próprio "american way of life", à indústria armamentista, aos jogos de poder, à imprensa sensacionalista e aos cientistas, entre outros.

À primeira vista, o filme soa apenas como mais uma película de ficção científica tipo "B", como tantos outros que rechearam as telas dos cinemas e tvs nos anos 80 (o filme, importante dizer, é de 1996). Mas, com um pouco mais de atenção, verá que é o mesmo Tim Burton dos ótimos Edward Mãos de Tesoura, O Estranho Mundo de Jack, Batman, Os Fantasmas se Divertem e Big Fish.

Marte Ataca! é um daqueles filmes que ou você adora ou simplesmente detesta! Eu me enquadro na turma dos primeiros...Assista e veja onde você se enquadra...








Os meus cinco piores presentes de Natal:


1º) Disco do Padre Zezinho
Fato: Natal de 1988. Amigo-secreto. Fizemos uma caixinha e deixamos por dias na casa de minha avó, para que cada um pudesse colocar seu bilhetinho com o que desejava ganhar (quem disse que na família as pessoas se conhecem bem? rarara!)
Fui claro e conciso no meu pedido, queria um dos dois discos recém-saídos naquele ano: Go Back, do Titãs, ou Big Bang, dos Paralamas do Sucesso.
É chegada a hora da troca de presentes. Quem seria meu benfeitor? Meu amado tio Zezinho (um daqueles tios bem zen, na dele, educadíssimo, gente fina mesmo). Olho em suas mãos e vejo aquele formato quadrado e fininho, só podia ser um dos meus bolachões tão cobiçados.
Rasguei o embrulho com a empolgação juvenil que meus doze anos me conferiam! A capa azul não era familiar, nem a figura que nela habitava. Decepção. Raiva. Desapontamento.
O “presente”: um disco do Padre Zezinho! Que meu amado tio possa descansar em paz. Mas que ele saiba que a “obra” que ele me deixou como legado encabeçará esta maldita lista!

2º) Cortador de isopor
Fato: Certa vez, perto da época de Natal, eu e meus colegas de escola pública fomos visitar a fábrica de brinquedos Estrela. Tinha uns 10, 11 anos. Fomos apresentados à toda a linha de presentes, bonecos, jogos, carrinhos de controle remoto.
Ao final do passeio, cada um de nós recebeu um embrulho, sob a condição de só abrirmos quando chegarmos ao ônibus.
Os dez minutos que se sucederam foram, talvez, os mais longos da breve história de alguns de nós. Ao chegarmos na bumba, decepção: uma espécie de pistola, muito mal acabada, que nenhum de nós ousara adivinhar para que diabos iríamos usar aquilo.
Até que um de nós resolveu ler o que estava escrito na caixa: cortador de isopor. Se fosse cortador de pescoço, provavelmente teríamos arrancado o escalpe de pelo menos uns três professores...

3º) Sabonete Spree
Fato: Quem se lembra desta jóia da perfumaria vagabunda brasileira? Sabonete de limão, e, para completar, desodorante. Gambás costumavam se afastar de quem usava tal sabonete.

4º) Quebra-cabeça que vira pôster
Fato: Quem é o demente que acha que crianças saudáveis e boas da cabeça (ops, será que eu era assim?) gostam de ficar debruçados em cima de pecinhas minúsculas, praticamente idênticas, para junta-las uma a uma e, depois de semanas, ter um pôster de uma casinha de madeira, com um riozinho de águas límpidas passando ao lado e uma montanha com neve no topo atrás?
E o pior é que alguns pais sem-noção ainda mandavam enquadrar a “obra de arte” de seus rebentos e realizavam mini-exposições aos incautos parentes, ressaltando os dotes artísticos do pequeno palerma.

5º) Camiseta cor bege
Fato: A cor bege deveria ser banida para sempre da história têxtil mundial. E tem produtos que ainda dizem que o tal bege é a cor da pele...que falácia...

And The Oscar Goes To...Father Little Joseph







10 motivos para detestar retrospectivas de final de ano

Tenho que confessar algo, no apagar das luzes de 2009: desde a mais tenra idade, nunca deixo de assistir, nos últimos dias do ano, às manjadíssimas retrospectivas. São programas com basicamente o mesmo formato, alguns mais bem produzidos, outros meio toscos, alguns deles temáticos (tipo "músicas que marcaram dois mil e sei lá quando"), mas, na essência, a mesma porcaria.

Sei que é um prazer mórbido (assim como comer aquela gororoba gordurenta que inevitavelmente vai te fazer mal...), mas, mesmo assim, ano após ano, lá estou eu sentado em frente à televisão, praguejando e vibrando com coisas que eu já vibrara ou praguejara outrora.

Para completar o rebosteio, decidi (por mais contra-senso que possa parecer), enumerar dez motivos para você não perder seu tempo com estas baboseira. Quem sabe eu não me anime e dê um pé na bunda das retrospectivas...nem que seja somente por hoje..rararara!

1) Toda retrospectiva que preste tem uma boa parte de seu tempo dedicada às homenagens póstumas (um obituário, é verdade). Repare bem e faça comigo o teste: todo ano aparece a figura de um artista que estava meio esquecido do grande público, que você nem imaginava que ainda estivesse vivo, mortinho da silva na tela (para fica mais mórbido, ainda aparece uma legenda com o ano de nascimento e ano de morte...). Sinistro!

2) As trilhas sonoras. Ah, para muitos a alma de uma retrospectiva está nas canções que acompanham cada deja-vu. O problema é a falta de criatividade de quem escolhe as músicas. Momentos alegres? Que tal "Shiny Happy People, do REM"...Roberto Carlos é onipresente nas cenas de emoção...Ação? Steve Vai, Iron Maiden...Comoção com final feliz? Coldplay, claro! Pode ouvir e me contar depois...Lembre-se que já são anos de deserviço prestado acompanhados fielmente por este quem vos escreve...

3) Sempre haverá um prédio que desabou ou explodiu, uma grande enchente, um desabamento ou tragédia natural, que fará com que o narrador mude radicalmente o tom de voz. Você vai ficando com medo, com tristeza, deprimido...

4) Então,n ão mais que de repente, uma boa notícia: alguém que escapou de ser esmagado por um piano que caiu do 15º andar porque decidiu apanhar um papel de bala que caiu no chão, o cara que ficou cercado pelas águas da enxurrada e foi salvo se agarrando ao rabo de um rato! neste momento, é inevitável uma canção para gran finales: Yanni!

5) Sempre vai faltar algo que foi relevante para você e foi impiedosamente esquecido pela produção do programa. O momento é propício para uma pergunta capiciosa: quem diabos tem o poder de decidir o que de mais importante ocorreu no ano? Para mim, certamente, não foi a ascensão do tecnobrega paraense, nem a nova sensação do Hip Hop americano.

6) Que prazer é este que temos em recordarmos das coisas ruins que aconteceram no ano. Não é justamente o espírito de renovação, de paz e reconciliação que são difundidos nesta época?

7) Algum time brasileiro ganhará 1 minuto de exposição gratuita por ter ganho o Campeonato Brasileiro. Atletas paraolímpicos só ganharão destaque se conquistarem mais de 25 medalhas de ouro cada um.

8) Retrospectiva é algo chato por natureza. E previsível. Ops, não estamos falando do especial de Natal do Roberto Carlos, não confunda!
Quer um exemplo: Tirarei o blog do ar para sempre se as retrospectivas não abordarem os seguintes assuntos: Morte do Michael Jackson, morte da Leila Lopes, chuvas em São Paulo, escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas 2016, escândalos no governo do Distrito Federal, conquistas do César Cielo, o renascimento do Ronaldo Fenômeno...

9) Um ano tem 365 dias, em média. Cada dia tem 24 horas, o que nos leva a concluir que cada ano tem cerca de 8.760 horas. Um programa de retrospectiva “dos bons” dura cerca de 2 horas. Nem mesmo o mister M é capaz de conseguir condensar tanta coisa que acontece de interessante no mundo nestas 8.760 horas em duas horas (ah, e desconte deste tempo uns 15 minutos de comercial).

10) Aqueles assuntos que já estavam esquecidos nas reuniões de família, nas rodas de boteco e nas mesas de repartições públicas voltam totalmente repaginadas, prontas para serem difundidas, numa espécie de marketing viral ao vivo ou, se preferir um termo mais cult, num spam humano.


Vovó Mafalda? Não, Susan Boyle, que deverá figurar nas principais retrospectivas de 2009