terça-feira, 22 de dezembro de 2009







Ética? Mas o que é isto mesmo?


A semana futebolística pré-Natal seguia seu caminho habitual, com a eleição do melhor do mundo (o craque-nanico Messi, com toda justiça!), o vai-vem de jogadores e técnicos e as peladas beneficentes com craques e ex-craques (e uma cambada de pagodeiros chupins que entram no vácuo).

Então, surgem dois fatos que ilustram muito claramente a atual situação do nosso futebol, mais precisamente de nossos boleiros. Coincidentemente, ambos envolvem o time do São Paulo, tido como o exemplo de gestão futebolística no país.

O primeiro, envolvendo Oscar, um garoto de 18 anos que sempre se destacou nas categorias de base, foi rotulado como o "futuro Kaká", mas, de verdade, nunca teve maiores chances para emplacar no time principal. Lembrando que ele tem apenas 18 anos!

Obviamente, seu "agente" não ficou nada satisfeito em ver seu atleta no banco de reservas (leia-se: com poucas chances de conseguir uma transferência milionária para algum time do exterior e conseguir uma boa comissão para o sanguessuga). E resolveu colocar na cabeça do jogador que o melhor a fazer era procurar a justiça e se desvincular do clube.

A justiça acatou o pedido do jogador, e, a priori, o mesmo não é mais atleta do São Paulo. Procurado pela imprensa, Oscar declarou que pretende dar um rumo na vida, pois agora é pai de família (casou-se no último final de semana) e precisa alçar voos mais altos...Volto a lembrar: 18 anos!

O jogador alega irregularidades no cumprimento de seu contrato de trabalho por parte do São Paulo, que o obrigou a emancipar-se (o que não é permitido pela FIFA). Mas, precisava chegar a este ponto, de romper litigiosamente com o clube que o revelou para o futebol?

Além de loiras, cordões de ouro, carros possantes e churrascada com pagode, o que a maioria dos jogadores brasileiros têm na cabeça? O São Paulo investiu no garoto, na sua formação (esportiva, educacional e de cidadão), paga salários em dia, tem uma das melhores estruturas intra e extra campo, e agora ele resolve se rebelar contra tudo isso? Sabe aquela música do Ultraje a Rigor, chamada "Rebelde sem Causa", que dizia assim:

"Não vai dar, assim não vai dar, como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar? Não vai dar, assim não vai dar, para eu amadurecer sem ter com que me rebelar!"

Que trolha...

Tinha que ser argentino...rararara! 


O volante do Internacional, Pablo Guiñazu, mais conhecido como o "Genghis Khan dos Pampas", é um herói para a torcida colorado (até virou boneco, de gosto duvidoso, diga-se de passagem).

O argentino, de 31 anos, é considerado um dos mais raçudos jogadores da história do time, além de demonstrar boa técnica e lealdade, sem precisar apelar para chutes no vácuo com joelhada, nem pontapés na canela dos adversários. Evidentemente, todo grande time quer um jogador com este perfil, ainda mais quando vai disputar um torneio como a Libertadores da América, com a arbitragem toda hablando español e muita pegada dentro (e fora) de campo.

Agora, imagine a cena: o jogador assinou um documento, autorizando seu "agente" (novamente eles, ô praga dos infernos!!!) a negociá-lo com o São Paulo, obviamente sem o aval do seu clube, o Inter. Até aí, nada de muito anormal, tendo em vista que o contrato do jogador com o clube se encerra no dia 31 de dezembro.

Mas, um adendo muito importante muda todo o rumo da história: o documento (que está disponível no siste do jornal Lance! no endereço http://www.lance.com.br/infograficos/autorizacao-guinazu-info/) foi assinado na data de 01 de dezembro de 2009.

Na semana em que o documento foi assinado, que precedia a última rodada do Campeonato Brasileiro, o Inter ainda tinha chances reais de ser campeão e já estava virtualmente classificado para a Copa Libertadores de 2010, enquanto o São Paulo, apesar de ter um jogo fácil pela frente e ainda ter chances (remotas) de conquistar o título, corria o risco de nem classificar-se para a Libertadores.

Ou seja, o jogador, que poderia erguer a taça de campeão, já estava com a cabeça totalmente fora do clube, que até então havia valorizado muito seu passe (quando chegou ao Brasil, era um ilustre desconhecido), além de pagar salários em dia e elevá-lo à condição de ídolo.

Nos dois casos, o que falou mais alto foi justamente o dinheiro, não apenas as condições de trabalho, o reconhecimento pela torcida, o amor à camisa (aliás, o que é isto mesmo?).

Infelizmente, chegamos ao ponto em que torcer para nosso time de coração é como torcer para times de pebolim onde todos os jogadores não têm nome, são absolutamente iguais e só são distintos pela cor: verde x branco, amarelo x vermelho...

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pois é, a que ponto a minha paixão (futebol) chegou, hoje não há consideração alguma, o clube investe, lança, acompanha e na maioria das vezes mata a fome do cidadão, e depois... colhe frutos?
    Não!, recebe um processo como troféu, isso é um verdadeiro carrinho com os dois pés no joelho do clube, mas, assim está sendo a vida, infelizmente.

    Falando em específico desse Oscar, chance se conquista, para jogar nos grandes tem que ser grande (geralmente), vejo que esse quesito falta-lhe, esse garoto necessita também de um pouco de opinião própria.

    Abraço Marcus e parabéns pelo blog!

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